Poço Comprido | AOS 173 ANOS A CAPELA DO ENGENHO PATOS É UMA JOIA NO ALTO CURSO DO SIRIJI
11349
single,single-post,postid-11349,single-format-standard,ajax_fade,page_not_loaded,,onyx-ver-1.7,vertical_menu_enabled, vertical_menu_left, vertical_menu_width_290,vertical_menu_background_opacity_over_slider vertical_menu_background_opacity_over_slider_on,smooth_scroll,side_menu_slide_from_right,wpb-js-composer js-comp-ver-7.9,vc_responsive

AOS 173 ANOS A CAPELA DO ENGENHO PATOS É UMA JOIA NO ALTO CURSO DO SIRIJI

Capela data do início do século XIX tendo sido concluída na década de 1840 daquele século.

AOS 173 ANOS A CAPELA DO ENGENHO PATOS É UMA JOIA NO ALTO CURSO DO SIRIJI

Foto: G. Barbosa, 2010

Vista parcial da Capela do Engenho Patos . Foto de Uenes Gomes Barbosa, Siriji, 2010

17858372_1315076345253185_799832412_o

17887165_1315075871919899_820398078_o

As duas imagens da capela mostram sua estrutura antes das intervenções. Foto: Gomes, 1997, p. 113

A capela de Nossa Senhora dos Remédios, defronte a casa-grande do Engenho Patos, desde sua fundação ocupa um papel de destaque no triângulo rural, a capela e a casa tinham relações estreitas. Era na casa que também aconteciam as atividades domesticas, onde se recebia também os amigos e representantes políticos, fofocavam o cotidiano, aconteciam as festas, os partos, os casamentos e os velórios. A moita era o lugar da produção onde os trabalhadores, na sua maioria negros escravizados e alguns livres faziam o engenho moer e transformar aquele amargo trabalho no doce açúcar. Voltando à casa, no dizer de Freyre foi a “fortaleza, o banco, o cemitério, hospedaria, escola, santa-casa de misericórdia amparando os velhos e as viúvas”. Era portanto um complexo que se estendia além da edificação propriamente dita. Continua o convite para conhecer o texto de Freyre cujo título dialoga sobre este elemento da colonização: a casa. Compondo o tripé da formação colonial aquela capela que fica distante alguns metros da área social era o elo principal da formação da sociedade brasileira, saem da casa mas permanecem nela. Alguns dos engenhos do Vale do Siriji tem capela. Capelas imponentes e com evidentes relações com a população. Na conjuntura colonial onde essa importância era latente, a capela estava nas casas. Delas, essas igrejas se ergueram e algumas trouxeram um quê de casa para sua arquitetura, no caso o copiá e as galerias externas. Patos não tinha copiá mas na lateral da capela havia uma galeria embora tenha citado o período colonial a capela data do Império. Geraldo Gomes observa esta característica, diz que essas galerias laterais podem ter servido também de local para enterramentos ou atividades sociais como sugere o autor. No entanto é uma construção única no estado de pernambuco, o coro que atualmente configura seu acesso pelo interior, também era ligado pela parte externa, esse prolongamento do coro se apoia em sólidas colunas de alvenaria que também sustenta o alpendre lateral e acessa o sino. Sabe-se porém que os usos das capelas nem sempre estavam ligadas as missas e atividades outras complementares à religião, era local também de virgília e também moradia para o padre que vivesse na propriedade. A capela de Patos foi palco de eventos históricos locais dentre esses, a visita de cangaceiros anônimos e famosos como Antonio Silvino que vivia na propriedade,  assassinatos de família finalizando em mortes por homicídios na frente da capela, local de peregrinação de beatos que pregavam o sebastianismo, cito Zé Guedes. A comunidade de Patos, que mais parecia um distrito, um povoado dada a quantidade de casas que existia ao longo do rio e da topografia que pontilhavam residências de trabalhadores, isso tudo leva a crer que o uso da capela era mais assídua do que a Capela de São José, do povoado de Moganga, foi uma das sesmarias mais importantes no alto curso do Siriji.  Há duas discussões sobre a igreja de Patos: Uma que diz respeito aos donos anteriores (família Correia de Oliveira) e o santo entronado, a arquitetura destaca Santa Ana tendo sido destronada quando a família Andrade Lima tomou posse do engenho; a segunda destaca a devoção de Nossa Senhora dos Remédios promovendo atividades festivas na propriedade e que ao lado da Senhora do Rosário seria o alento para o homem, o remédio para vida humana. (vide artigo sobre o engenho). De colunas sólidas e número de conclusão da edificação, 1844, a capela branca às margens do Rio Siriji resguarda os restos mortais da família Andrade Lima. Nas paredes internas e na galeria lateral lápides informam os remanescentes da ilustre família. O telhado de barro e as eiras e beiras que complementava a paisagem da capela foram retiradas numa das suas reformas quando a coberta de cerâmica também saiu. Outras alterações foram feitas, como por exemplo o acesso ao coro, que outrora era feita por fora, pela galeria, hoje é feito por dentro do templo. Os nichos do interior revelam uma intervenção em 1948, juntamente ao altar-mor, o que pela estrutura da capela podem ter sido de madeira inclusive forrada e com um púlpito lateral, para os sermões. Quando a capela de São Severino de Estivas foi derrubada o santuário foi levado para Patos e de lá para a matriz de São Vicente, isto na década de 1940. Usavam o espaço os trabalhadores do engenho, as senhoras e os passageiros que utilizava as estradas antigas para atingir seus objetivos que era o comércio nas feiras no médio e baixo curso, as cidades mais fluente economicamente falando.
No século 20 e atualmente o uso daquele espaço é ocupado sempre aos primeiros sábados do mês e exclusivamente no mês de maio com as festejadas noites marianas. Em março no dia 18 a imagem do padroeiro de Siriji sobre para a capela, de onde em procissão no dia 19 desce para a capela de São José na povoação de São José do Siriji. Desse evento tradicional que já vem se consolidando a mais de 80 anos, a população circunvizinha participa.

Organização da procissão de São José, que sai da capela todos os anos para a capela de Siriji. Foto: Uenes Gomes Barbosa, 2016

Fontes Consultadas.
ANDRADE, Manoel Correia de. O Vale do Siriji. Recife, 1958.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Ed. São Paulo: Global, 2003.
GOMES, Geraldo. Engenho e Arquitetura. Recife: fundaj. Editora Massangana, 2013.

No Comments

Sorry, the comment form is closed at this time.