Poço Comprido | ORGANIZAÇÃO DOS PODERES LOCAIS. A CÂMARA DE NAZARÉ E A HISTÓRIA DE VICÊNCIA
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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES LOCAIS. A CÂMARA DE NAZARÉ E A HISTÓRIA DE VICÊNCIA

Aspectos arquitetônicos do Centro de Vicência. Acervo da biblioteca do IBGE, 1951.

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES LOCAIS. A CÂMARA DE NAZARÉ E A HISTÓRIA DE VICÊNCIA

Aspectos arquitetônicos do Centro de Vicência. Acervo da biblioteca do IBGE, 1951.

Aspectos arquitetônicos do Centro de Vicência. Acervo da biblioteca do IBGE, 1951.

Nazaré da Mata no século XIX compreendia um território vasto, para compreender melhor, cito as cidades e vilas como Aliança, Buenos Aires, Vicência, Angélicas, Murupé, Siriji, Tracunhaém (merece uma postagem a parte), São Vicente Férrer, Cruangi, Lagoa Seca dentre outros, todos estavam na jurisdição de Nazaré. Desenvolvida a partir da dinâmica de um Banguê, a Vila de Nazareth foi elevada a Freguesia em 1839, suprimindo a de Laranjeiras, criada em 1821. Importa dizer que a região onde localiza-se a sede municipal tem fortes relações com diversos mananciais afluentes do Rio Tracunhaém (Nasce em Bom Jardim na serra Dorondongo) rio este que corta a cidade. Seu desenvolvimento é logrado as margens de uma lagoa e o recebimento da terra foi através de carta sesmarial aos colonos vindos de Portugal para ocupar os sertões ainda pouco conhecidos pelo governo; acredita-se na discussão desse sesmeiro pertencer aos Dantas dos quais chegados na América Portuguesa e se estabeleceram em lugares distintos, nesse contexto, em Nazaré estabeleceu-se um Dantas e ocupou o território onde mais tarde seria conhecido como Lagoa dos Dantas e conseguinte Nazareth da Mata. Antes mesmo da supressão de Laranjeiras e de Tracunhaém face ao crescimento e desenvolvimento da freguesia, instituiu-se uma câmara em 1833, fato esse de relevo para a ascensão de Nazaré à categoria de Vila. A Câmara municipal ratificou o crescimento e a organização econômica e política passa a ser evidenciado com a nomeação e eleição de personagens da área açucareira ocupando cargo na nova legislatura nomes como Andrade Lima e Azevedo, Cunha Machado, Paes Barreto, Cavalcanti. Esses representantes do “povo”, conforme foi descrito nas narrativas de história local, não obstante legislava apenas em interesse próprio. Durante todo o período advogaram em defesa de seus engenhos, pelas suas fortunas, pela educação de suas famílias; quando se propunha educação aos menos pobres, a intenção era angariar votos para o proprietário. O voto era uma maneira de manter as estruturas das elites agrárias sem qualquer ameaça, vez que os mecanismos adotados pela Carta de 1824 exigia do votante uma quantia em réis ou fosse proprietário de terra. Foreiros também entram nesta dinâmica. Logo muito pouco votava numa sociedade extremamente desigual e marcada pelo trabalho escravo usual por mais de 300 anos.

E Vicência não estava distante desses acontecimentos. Os núcleos rurais representados pelos seus senhores de engenho referendavam seu apoio a outro latifundiário para que defendesse seus interesses. Mesmo após a implementação das Assembleias Legislativas Provinciais (o Ato Adicional de 1834) descentralizar o poder dos latifundiários na região, esses enfeudados senhores de engenho procuraram se apresentar como políticos vitais para dinâmica social. Dentre eles: Manoel Estelita de Oliveira – Canavieiras; João Barbosa de Melo – Vicência; Manoel de Souza – Pagi; Manoel Correia de Oliveira Andrade – Jundiá; Antônio Vicente da Costa Azevedo – Barra; Joaquim Belém – Laranjeiras (BRADLEY, 1977, p. 70) . Esses personagens estavam interessados em aproximar-se ainda mais da Câmara da sede pelo fato de as principais famílias indicarem a importantes cargos políticos. Por exemplo a família de Jundiá, os Correia de Oliveira, ocuparam lugares de destaque na política imperial, tendo seu nome mais ilustre João Alfredo Correia de Oliveira, abolicionista.

Tradicionalmente conhecida como uma região de políticos liberais os proprietários rurais na região de Vicência se envolveram em movimentos importantes para a política pernambucana durante a regência. Entre liberais havia distinção entre exaltados como era o caso do Senhor de Tabatinga: Joaquim Gonçalves Guerra ligado a Praieira; e os moderados como era o grupo de políticos menos enérgicos por mudanças, mudasse a conjuntura, mas preservasse a estrutura. Além disso existiam os regressistas estes primavam maior centralidade no governo, presente no governo de Araújo Lima. Essa região sofreu com os desdobramento durante a Revolta dos Papa-Méis. Mais tarde trataremos detalhadamente sobre esses movimentos.

Então quem ocupa esses lugares de poderes – moderados, exaltados, conservadores, regressistas – na câmara municipal de Nazaré? Herculano Bandeira de Melo cujo envolvimento na primeira emancipação é evidente. Mais tarde ele estaria ao lado de Rosa e Silva, conhecido como o dono de Pernambuco e responsável pelos transtornos na segurança pública nos idos de 1911 ao forçar a renúncia de Herculano Bandeira a fim de antecipar as eleições prevendo sua derrota face ao crescimento de Dantas Barreto. No lado liberal estava a família Coutinho cujo feito estava na eleição de Joaquim Nabuco. Trocando em miúdos os dois grupos políticos, tanto Joaquim Correia Xavier de Andrade quanto Benjamim da Costa Azevedo tinham formação parecidas, de famílias tradicionais na economia açucareira, mas orientações ideológicas configuraram anos mais tarde um atrito político entre os dois, pois na república os Correia de Oliveira permaneceram ao lado dos Bandeira de Melo e o apoio aos rosistas; enquanto o Costa Azevedo teve oportunidade no governo por estar ligado aos dantistas.

BRADLEY, Sandra Maria Correia. Açúcar e Poder: análise da evolução política de Vicência um município da microrregião da Mata Seca pernambucana. Recife, Condepe/ Fiam/ Cehm, 1977.

FUNDAÇÃO DO DE INFORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PERNAMBUCO. Nazaré da Mata, 1982 (série monografias municipais)

Como citar:

SILVA, Uenes Gomes  P. Barbosa. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES LOCAIS. A CÂMARA DE NAZARÉ E A HISTÓRIA DE VICÊNCIA. Pesquisa Online, Museu Poço Comprido, Vicência. Disponível em <http://pococomprido.com.br//. Acesso em: dia, mês e ano. Ex. 01 mai. 2018

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