Práticas realizadas na comunidade Poço Comprido
* Por Joana D’Arc Ribeiro
Entre os anos de 1997 e 1998, na gestão municipal de Vicência, da então Prefeita Eva Maria de Andrade Lima, foi iniciado um processo de sensibilização e capacitação para o turismo no Município de Vicência. Os estudos apontavam o potencial do turismo rural e histórico, envolvendo engenhos de fogo morto, nesta região do Vale do Siriji, como alternativa econômica local. A partir daí, várias ações foram planejadas e realizadas, entre elas, a formação da AFAV (associação dos Filhos e Amigos de Vicência) e o entendimento de que o engenho Poço Comprido seria um ícone no turismo histórico e rural da região (mata norte do Estado de Pernambuco), o que mais na frente recebia o nome de “rota engenhos e maracatus”. O ano era 1999, o Engenho Poço Comprido pertencente a Usina Laranjeiras, cedido em comodato a AFAV, passou a ser desenhado uma forma de gestão com busca na sua conservação e preservação. Em parceria entre a AFAV recém formada, a comunidade do engenho e a prefeitura local, foi realizado um mutirão de limpeza nas edificações (casa grande, capela, moita e vacaria), com o objetivo de chamar atenção do governo estadual e provocar a discussão de restauro e gestão do engenho Poço Comprido (ver matéria jornal JC). Essa ação foi vinculada nos jornais de maior circulação no estado de Pernambuco e matéria televisiva na TV Globo. Com a inauguração da restauração deste engenho, no ano de 2004, a AFAV assume a gestão. A partir daí a atividade que é realizada até os dias atuais, é o receptivo, sendo os jovens do engenho e da Vila Murupé, as(os) mediadoras(es); tem o papel de informar os acontecimentos históricos do engenho Poço Comprido e da “civilização do açúcar”. A manutenção das edificações oitocentista, na limpeza e serviços de manutenção, é realizado desde sempre com moradoras e moradores locais. Em 16 anos de gestão, a AFAV realizou diversas atividades de formação (transmissão de saberes) e fomento com foco em educação patrimonial e cultura popular. Dentre elas, a inserção por meio de edital MinC/FUNDARPE dos Pontos de Cultura-Convênio 068/2008, foi determinante e por cinco anos atuou nas ações que integram os objetivos da AFAV. Nesses anos, a comunidade interagiu diretamente nas atividades, atuando na produção e ministrando oficinas, quando estas eram de artesanato. O mesmo ocorreu na execução do projeto “escola cultural canavial”, apoiado pela UNESCO/Criança Esperança. Com a seleção deste projeto no ano de 2012, a AFAV junto a comunidade do engenho, com articulação e parcerias, conseguiu recuperar a escola do engenho que se encontrava fechada e sem função há dez anos. Seria o segundo mutirão realizado com sucesso. No ano seguinte a escola foi reinaugurada e neste primeiro ano de funcionamento, realizou dez oficinas de artes, cultura popular e educação patrimonial, para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Em anos consecutivos, outros projetos de formação e transmissão de saberes foram realizados nesta escola, todos eles com incentivo do FUNCULTURA/Governo de Pernambuco. Nas atividades de transmissão de saberes provida pela comunidade do engenho Poço Comprido, pode-se citar: Artesanato da fibra da bananeira, com as mestras Cosminha e Mazé; Artesanato de bijuterias em sementes, com as mestras Beta e Cida; Sanfona de 8 baixos, com o Mestre Baixinho dos 8 Baixos; e, Gastronomia dos engenhos de açúcar, com as s mestras Beta e Marcela. Estas atividades ao longo dos anos, tiveram apoio do MinC, FUNARTE, FUNCULTURA/FUNDARPE e UNESCO/Criança Esperança. Nestes anos de gestão frente a este patrimônio histórico nacional, a AFAV vem em conformidade com seus objetivos, alinhando suas atividades com os eventos e as transmissões de saberes realizados, indo de encontro ao resgate e fortalecimento da cultura local, regional e estadual junto à população envolvida.
*Joana D’Arc Ribeiro é pesquisadora, produtora cultural,
bióloga com esp. em Ensino de Biologia pela UPE,
está na direção do Museu Poço Comprido, Vicência, PE.
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