DIÁLOGOS COM O PATRIMÔNIO

DIÁLOGOS COM O PATRIMÔNIO

Esta é a primeira parte da entrevista com João de Oliveira Andrade.
Ouvimos o proprietário do Engenho Jundiá, o Sr. João Correia de Andrade que na ocasião da nossa visita conversou conosco sobre o Vale do Siriji e Jundiá no enredo histórico, destacando fatos importantes para o contexto econômico, social e cultural no estado e com relevância para a história do Brasil, como: A revolução de 1817, a chegada do maquinário a valor, as visitas ilustres e o morador do engenho e as lembranças de seu irmão, Manoel Correia de Andrade, escritor, geógrafo e historiador de reconhecimento internacional, foram relembrados por Seu João que é um verdadeiro arquivo vivo da história regional.

MPC: Quem é Seu João?
JCO: Me chamo João Antônio Correia de Oliveira Andrade, meu pai é Joaquim Correia Xavier de Andrade. Correia de Andrade da Família Costa Azevedo. Nasci no Vale do Siriji mesmo, estudei aqui no Engenho Jundiá com um professor colocado pelo meu pai. Depois passei a estudar em Vicência. Com sete ou oito anos fui para Aliança morar na casa do meu avô. Fiz admissão no Recife. Estudei ginásio, cientifico; não dei continuidade os estudos porque nesse período entrei no CPOR: Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva, onde passei dois anos no CPOR. Que me lembre só passei fora do Jundiá mesmo, nove anos da minha vida. Gosto muito de história, de Geografia e uma paixão por Jundiá.
MPC: O nome do Engenho revela qual história?
JCO: Há três versões para o nome: Um estaria relacionado a altitude, o ponto mais alto da serra é o pico do Jundiá; o outro era por causa do nome do peixe, o peixe jundiá, que é um bagre da região que em tupi significa boca larga. Aliás também tem uma história do um escritor Tavares de Lira ou é Tavares de Lima, “os segredos da serra de jundiá” que falava de um cacique que havia habitado ali a serra e se chamava Jundiá, era casado com uma índia, e que esse cacique na ocupação da região pelos brancos havia sumido originando assim o nome do Pico.
MPC: Jundiá está na sua família desde a fundação?
JCO: Não. Quando meu avô comprou Jundiá, este engenho produzia mil e quinhentos pães de açúcar. Dois mil pães que equivalia mais ou menos duas mil a três mil toneladas de cana, quando ele passou a engenho a vapor triplicou a produção e depois passou se ser fazenda de fornecimento de cana para usina, sem falar da reserva para a agricultura e pecuária.
MPC: Qual momento sua família adquiriu o Engenho?
JCO: Os correia de oliveira chegaram em Goiana em fins do séc. XVII para o XVIII. José Neves Correia de Oliveira chegou de Portugal se estabeleceu em Goiana e lá casou – se com a filha de Francisco Gomes de Andrade que era um neto de Francisco Berengué de Andrade que participou ativamente na Insurreição Pernambucana. Tiveram Francisco Gomes de Andrade que era dono do Engenho Meirim, Goiana. A partir daí nasceu José Correia de Oliveira e Andrade. A ascensão da minha família na sociedade se deve muito ao casamento com uma moça da família do Rego Barros, que era uma família tradicional de Goiana. E esse José Correia de Oliveira Andrade que era filho de José Neves teve três filhos homens e algumas filhas mulheres desses três filhos homens: um é o José Correia de Oliveira Andrade do Engenho Patos, aí a terceira geração já estava aqui no Vale do Siriji; Manoel Correia de Oliveira Andrade, do Engenho Mariúna, em Goiana. Mariuna ainda era um morgado. Posteriormente nasceu Manoel Correia de Oliveira de Uruaé, também Goiana, pai de, João Alfredo que foi o grande astro da família Correia de Oliveira e o Joaquim Correia de Oliveira Andrade que é meu bisavô, que veio para o Engenho Cana Brava. Meu bisavô chegou aqui no Vale do Siriji, em 1879, foi quando ele comprou Jundiá.

 

 

MPC: E de quem era esta propriedade?
JCO: Essa sesmaria seria a de Terra Nova, depois a de Vicência e a de Laranjeiras e a de Poço Comprido. Aqueles engenhos no entorno de Poço Comprido tudo foi Poço Comprido. A sesmaria de Laranjeiras que originou o engenho homônimo pertencia aos Padres. Após a administração clerical teve como o dono durante várias gerações a família mais importante de Vicência: família Oliveira Belém. Havia uma sesmaria aqui, a sesmaria de Vicência do qual foi desmembrado uma área de terra entre o engenho Canavieira e o engenho Vertentinha. O dono de Canavieira era o Coronel Estelita um homem muito influente ao lado do Cel Vicente do Engenho Barra. As terras situadas entre o Engenho Canavieira, Engenho Vertentinha tendo como referência a cidade de Vicência até o início da serra Mascarenhas, todo este território pertencia a Sesmaria de Vicência e nessa área de terra e nela foi constituída quatro engenhos: O engenho Jundiá, o Engenho Taitanduba, o Engenho Bela Vista e o Engenho Mata Virgem. Estes são os apontamentos sobre o Engenho Jundiá.