HÁ 55 ANOS POÇO COMPRIDO ERA TOMBADO PELO SPHAN
Em 21 de maio de 1962 o Engenho Poço Comprido, o único do estado que tem a ligação casa-grande e capela preservados recebia o tombo no livro de belas artes do SPHAN através do programa Pró-Memória. A façanha se deu no governo de Nilo Coelho, no mesmo ano o Governador esteve na residência para uma reinauguração do projeto de reparos feitos no intuito de assegurar a continuidade da estrutura que andava comprometida. Foi Dr. Ayrton Carvalho quem enviou as primeiras fotografias do Engenho Poço Comprido ao urbanista Lúcio Costa quem devolveu a correspondência com uma frustração no dizer sobre o patrimônio ser um dos poucos ante uma região dominada pela civilização do açúcar, mas folgando pela existência da propriedade ainda de pé.
Imagem 1. Casa-capela do Engenho Poço Comprido em 1970, fonte: Atlas dos monumentos históricos do Brasil, 2007.
Poço Comprido representou o processo de formação da sociedade agrária no Vale do Siriji, sendo uma importante sesmaria da qual surgem demais ao longo do alto curso, o projeto de tombamento iniciado na década de 1940 é concluído em 1962. É um exemplar de grande expressão para a arquitetura e por isso a crítica da manutenção das demais dependências como a moita e o bueiro da fornalha, a senzala e demais dependência do Engenho não foram mantidas enquanto partículas preservada pelo tombamento, disto, reforça-se apenas conjunto casa-capela foi preservado pelo tombo. A fase que foi inserido no livro de tombo seguia no país a discussão sobre identidade. Aliás é muito comum esse debates em todo o período de transição da história nacional além do lugar de poder dos agentes que consolidaram a ação de registro, Lúcio Costa era urbanista e arquiteto. É interessante lembrar que quando houve uma necessidade de se criar uma instituição que cuidasse dessa memória edificada, Mário de Andrade, o polímata havia viajado por todas as regiões do país e construiu um panorama da cultura popular enfatizando o patrimônio imaterial e material e propôs análises sobre; sendo rejeitado seu anteprojeto apenas os livros de tombo permaneceram enquanto sugestão e sistemática dos processos, Lúcio era arquiteto, logo a premissa da cultura imaterial seria maciçamente desprezada em prol de uma política de memória edificada, sobretudo religiosa, mas que dizia sobre a identidade do país. Logo Poço entra nessa categoria. Na íntegra o que Lúcio Costa destacou:
Até que enfim Pernambuco contribui com alguma documentação apreciável para o estudo da nossa arquitetura doméstica rural mais característica. É, com efeito, inacreditável que enquanto nas redondezas da própria capital de São Paulo já foi descoberta cerca de uma dezena de esplêndidos exemplares da arquitetura residencial brasileira rural, dos séculos XVII e XVIII, no Estado de Pernambuco, onde o surto modernizador está longe de atingir nível tão avassalador, já não subisistam (apenas porque o Megahipe foi dinamitado) exemplares dignos do seu passado rural (…) (Informação s/nº. Lúcio Costa. Rio de Janeiro, 11 fev. 1946). (Pereira, 2012, p. 58).
Além da data comemorativa, o Poço Comprido começa a editar o Boletim CORREIO DO SERIGY uma alusão ao jornal que circulou na década de 1950 na cidade de Vicência e que cumpria com a premissa de divulgar as ações culturais da localidade além de fatos sobre sua história.
Imagem meramente ilustrativa, 2017. Acesse o arquivo aqui
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