OS DESAFIOS PARA UMA CONSCIENTIZAÇÃO E AUTONOMIA DO AFROBRASILEIRO NO CONTEXTO SOCIAL BRASILEIRO
Considerando os contextos políticos atuais em que o governo promove um debate vertical não consultando as classes sociais para resoluções de problemas básicos quer no quesito inclusivo, quer no quesito de uma temática multi, promovemos um texto que pretende minimamente colocar alguns pontos relacionados a data de hoje no sentido de consolidar e contribuir para o pensar a consciência, ou essa tão comemorada consciência negra.
As realidades, você há de concordar conosco, só poderão ser modificadas quando apresentadas e desconstruídas, apresentando outras “possibilidades de…”. Partindo de pontos já pré-estabelecidos os movimentos, negro, indígenas, ciganos são necessários debater e o embate constante, todo o ano e não utilizar a data como paliativo, como forma de diminuir o preconceito e o racismo nosso de cada dia. Exatamente na data de hoje prestigiamos temas consagrados pela experiência bancária (escolar) e não percebe-se que novos diálogos estão aparecendo e transformando os modos de ler o 20 de novembro. Não perdendo a raiz histórica, a data releva a importância de Zumbi dos Palmares, oprimido pela invasão de Domingos Jorge Velho ao quilombo hoje no território de Alagoas, mas à época era de Pernambuco e o lugar foi dizimado e o líder foi morto. Isto marca a data e também o reconhecimento da sua luta pelo povo que estava lá. Todavia não deixamos de encontrar na luta dele, a preocupação percebida no tocante às demonstrações de racismo velado presente na fala das garotas ao assumirem seus cabelos, aos garotos quando perdem a vergonha e se aproximam dos festejos tradicionais, tidos de pretos, aos lugares que se empoderam e reconhecem sua etnoracialidade. Historicamente o país passou por diversos estágios e a sociedade escravizada não participou de debates como reforma agrária e também não tiveram acesso a educação. Lembrar é importante: nos grandes centros os projetos modernos alargaram as ruas e construíram avenidas a fim de imprimir uma imagem civilizadora deslocando os cortiços para locais intencionalmente constituídos como lugares marginais. O marginal passou a ser parte da paisagem daquela sociedade e que nela começou a se encontrar e achar normal, pautado em terminologias enquanto processos de subjetivação, isto é, do modo que se construiu o sujeito ao ponto dele, o sujeito, não perceber que está sendo oprimido, e nesse enredo as regiões afastadas da cidade não estarão dialogando com o contexto dos endereços da perspectiva elitista e higienista.
O Museu Poço Comprido ao passo que celebra o título de Patrimonio do Mercossul conferido ao Quilombo dos Palmares, se pergunta por quê não se releva este título alçando a categoria de patrimonio da humanidade? Celebramos também os avanços no reconhecimento na poesia negra – Jorge de Lima, Raul Bopp, Sosigenes Costa, Solano Trindade, Oswaldo e Camargo -, na arte negra nas capelas barrocas obsevando Alejadinho como representante, no teatro Ruth de Souza e importa lembrar a criação do Teatro Experimental do Negro (TEN) em 1944, na culinária negra, na moda para negros, na literatura em especial de negros, Carolina de Jesus hoje tem um respaldo maior nas universidades. Celebramos a música de Chico César, de Seu Jorge, dos Ticuqueiros, dali de Nazaré da Mata e também os Nazarenos. Celebramos os orixás, as divindades presentes na natureza e celebra seu Vale, cujo orientador da região, o Siriji é memória recorrente daqueles que participam desse debate. Todavia não deixamos de relevar a luta árdua, a série de “nãos” ouvidos pela comunidade é constante mas não tem sido acatada com facilidade como era costumaz.
Nosso Museu Poço Comprido preza pela valorização do negro brasileiro e das identidades oriundo das suas influências. Prima pela divulgação de sua presença através de elementos destacados, cito os baobás do nosso engenho. Dialoga com as várias manifestações, coco, cavalo marinho e maracatu. Para que possamos construir outros meios de promover a comunidade afrobrasileira, possamos problematizar esse modelo opressor de tocar no assunto propor releituras e reescritas.
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