Poço Comprido | NOTAS SOBRE A IMPRENSA EM VICÊNCIA
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NOTAS SOBRE A IMPRENSA EM VICÊNCIA

NOTAS SOBRE A IMPRENSA EM VICÊNCIA

Imprimir notícias no Brasil foi um processo tardio e muito conturbado, embora houvesse manifestações com edições avulsas em circulação na colônia difundindo informações proibitivas aos olhos da coroa, ter um jornal circulando aqui no Brasil e que noticiasse os fatos só pode ser realizado após a chegada da família real portuguesa na primeira década do século XIX. A tipografia nacional pôs fim a um longo período de medidas proibitivas de circulação de qualquer notícia ou fato – havia grande tráfico de textos de caráter iluministas que puderam construir mentalidades distoantes das que na América se preservara ante ao sistema colonial. Em Pernambuco o processo foi similar, de modo que ao passo que a tipografia nacional começou a difundir os jornais impressos as províncias tiveram suas próprias edições, mas já tinham os boletins, tímidos porém críticos, mas os jornais além dos informes comerciais vieram para integrar a população letrada aos fatos ligados geralmente a vida mercantil das províncias e antes de tudo, virar um equipamento de poder da elite. O Diário de Pernambuco, fundado em 1825, o mais antigo da América latina foi palco de grandes discussões e também serviu (e ainda serve, pois é o mais antigo em circulação) de veículo para latifundiários anunciarem seus produtos como também disponibilizar para os que o liam, o comportamento da incipiente aristocracia rural. O diário também consolidou momentos marcantes na vida política do Brasil, dando ênfase a fatos que modificaram a conjuntura socioeconômica do país, tendo, porém um acervo imenso de dados detalhados sobre a nossa história. No Recife, capital da província, centro econômico e por onde chegavam as modernidades tinham diversos jornais impressos e escritos a mão. A representação desses textos abrangiam diversos setores sociais. As regiões mais distantes ficavam a mercê de indormes da capital e que demoravam bastante a chegar, por outro lado naquelas localidades a falta de notícia configurou um maior protecionismo não permitindo as mentalidades do litoral transformar desses locais mais distantes. O viés informativo que eles tinham eram as paróquias que através de um discurso religioso não permitia uma mobilidade no âmbito da produção de informações muito importante, no que se refere transformar o modo de pensar. Timidamente começaram a circular os pequenos jornais difíceis de aderirem devido o auto grau de analfabetismo nas freguesias, vilas, povoações. Eram lugares como por exemplo, Limoeiro, Vitória de Santo Antão, Goiana, Nazaré da Mata, Timbaúba, Garanhuns, Bom Jardim, Vicência, etc. É muito interessante olhar as narrativas presentes nos jornais locais e perceber como o rigor jornalístico mudou ao longo do tempo. É possível encontrar anúncios que julgamos desnecessários hoje, todos de cunho privados porém as urgências da eficiência da informação prestava o serviço de dizer a sociedade por exemplo, se o elixir de nogueira funcionava, cuidava também de noticiar cursos de datilografia para rapazes, a inserção da mulher no ensino público, a nomeação de cadeiras para dar aula nos grupos escolares de engenho, doenças venérias. De tudo aparecia no jornal. Era espaço também do exibicionismo, o narcisismo dos pais poderosos que colocavam seus filhos para estudar em Recife, Nazaré, Bom Jardim, Limoeiro, Bonito. Todos iam estampar os jornais, sobretudo a Gazeta de Nazareth. A liberdade de imprensa tão difundida no segundo reinado com os estouros de charges a respeito do imperador não foi possível ser experimentada pelos artistas jornalistas na república, por isso a maioria dos jornais não tinham assinaturas reais e sim pseudônimos, que diante de um nome diferente do seu, produziam matérias de cunho provocativo. Se for relacionar os casos pelos quais surgiam os boletins poderíamos passar horas noticiando, mas era comum as questões político-partidárias. Em Vicência nos idos de 1904 o jornaleco O COIÓ divertia a população com um viés humorístico. A cidade havia retornado a pertencer a Nazaré da Mata, fato que só ocorrerá novamente em 1928. Circularam também O TUBIARA (1908); O IDEAL (1932), este sendo o mais duradouro, circulou até 1936 tem grande consistência dos processos políticos e sociais da Vicência recém emancipada; A IDEIA (1934) mesmo momento do Idea; CABOCLA (1935) era um suplemento do Ideal; O MATUTO (1935) tinha como objetivo a difusão da vida rural, através de crônicas, mas só circulou em dois números mesmo; MASCARENHAS (1936) saíram 23 números e cujo objetivo do jornal era criticar a conjuntura política e religiosa e se colocava contrário ao comunismo; A SERRA (1936) Mais pareceu um jornal administrativo, porque como destaca NASCIMENTO (2009, p. 120) vivia em boas relações com o administrativo, foi esse jornal também que promoveu o concurso que procurava a mulher que tinha os olhos mais bonitos de Vicência; A COLINA (1938); CORREIO DO SIRIJI (1949) pela perspectiva de Nascimento a cidade teve estes destaques na carreira jornalística, contudo há outros exemplares que não relevam aqui devido a abrangência histórica que a bibliografia dá, onde limita 1954 como limite da especulação bibliográfica. No entanto o exercício da imprensa esteve sempre presente nas cidades interioranas, desde a invenção da imprensa que vimos proliferando notícias. Nesta cidade muitos ajudaram a compor movimentos carnavalescos e também notícias de apoio aos governantes como por exemplo o apoio ao brasil entrar na guerra na década de 1940 onde jornais de toda a região noticiou o apoio organizado em comício.

Fonte. NASCIMENTO, Luiz do. História da Imprensa Pernambucana, vol. XIV. – RECIFE: Ed. Universitária da UFPE, 2009.

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