PROFESSOR GUERRINHA: Construção da Memória de Machados
A busca pela construção da identidade local é um esforço
constante do historiador e de sua comunidade. É dispensada
muita pesquisa para que possa construir minimamente aquilo que
a conhecemos como território e como esse território se projeta
propondo reflexões da memória e história revisitando acervos
particulares e documentados cartoriais, além da oralidade.
Sobre essas e outras questões nos levaram ao encontro do
historiador e professor Aristides Cavalcanti Guerra Filho. Ele
concentra uma eminente maço de documentos e fotografias que
remontam a história do jovem município, Machados. O professor
reforça que o contexto e a narrativa histórica desse município
tem muito da contribuição da oralidade. Guerrinha, como gosta
de ser chamado nos explica: “O fundador é o comerciante Manoel
João Rodrigues, até porque todo engenho tinha uma barraca onde
se vendia tudo! Logo depois veio meu avô, Major João Marques
que foi amigo de Manoel João. Vovô tinha a terra e ele o
comércio. Se você observar você vai ver que, o Hospital foi
doação dele, a Igreja foi doação dele, o mercado foi doação
dele, a casa paroquial, isso aqui era um plantio de café
imenso e aqui era a casa dele, lógico que passou por várias
mudanças, mas nesta casa morou meu avô. Então quando Machados começou a chegar gente, pelo Engenho Machados pela fazenda do meu avô, a Santa Tereza que trouxe muitos trabalhadores e a vendinha de Manoel João, então começaram aqui com um comerciante e um fazendeiro. Nessa região não tinha nada, tudo concentrava ao lado da capelinha, do lado direito ficava a casa de Manoel João e do lado esquerdo tinha uma casa do meu avô, pois meus tios, minha mãe nasceram na fazenda. Interessante saber é que meu avô comprou a patente de Major, pois ele não tinha ligação com o exército. Na verdade meus bisavós eram imigrantes portugueses e tinham dois filhos, um era meu avô e outro foi para o Rio de Janeiro; Vovô tomou conta da terra, mas o outro tornou-se Contador Geral da República equivalente a ministro. O Major João Marques era bem relacionado e tinha muito prestígio com famílias poderosas da região. Foi o primeiro prefeito de Machados. Vale lembrar que Machados era de Bom Jardim e depois de muitas lutas pela emancipação, ocorreu em 1963. O nome está ligado a família Machado e depois que meu avô e Manoel João desenvolveram ficou a vilinha dos Machados.”
Guerra nos convida a observar apontamentos históricos consagrados a partir de pesquisas orais, e documentais. Este é mais um reforço que denota a importância do povo na construção da história, os agentes históricos. “O marco zero é onde hoje está a Igreja Congregacional. A primeira casa foi construída por Manoel João em 1890. Ambos construíram a Igreja de São Sebastião em sinal de devoção e promessa. Os moradores criaram uma associação, a Associação dos Amigos de Machados se empenharam na luta pela emancipação da vila dos Machados. Em 1962 a ALEPE votou, aprovou e criou o município de Machados instalando-o município em dezembro de 1963. Em 1964 o primeiro prefeito tomou posse (Major João Marques).”
Guerrinha nos convidou a conhecer aspectos culturais e sociais da Cidade de Machados. Estes recortes estarão na segunda parte do diálogo.
Sorry, the comment form is closed at this time.