Poço Comprido | O ENGENHO PATOS.
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O ENGENHO PATOS.

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O ENGENHO PATOS.

Engenho movido a água. Koste, 1816.

Engenho movido a água. KOSTER, Henry, 1816.

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Vista parcial da Casa-grande do Engenho Patos. Foto de G. Barbosa, 2016.

Patos é um uma propriedade que produziu açúcar e café nos séculos XIX e XX. Localiza-se no distrito de São José do Siriji em São Vicente Férrer e é acessado pela estrada vicinal que dá também acesso a Natuba – PB;

Durante o processo de ocupação do Vale do Siriji alguns engenhos foram pontuados em regiões de difícil escoação da produção para os portos ou para os correspondentes de açúcar e por motivos mais complexos ainda tiveram sua atividade encerrada pouco tempo depois de suas instaurações. O engenho não era uma indústria barata, vale lembrar que haviam proprietários que não dispunham de capital para melhorar os meios de produção então encerraram suas atividades sem que fossem documentados ou até mesmo chegado ao conhecimento de estudiosos do tema. Observando essas ocorrências poderemos encontrar engenhos com poucos anos de instauração mas com uma quantidade de proprietários bem maior que o comum, acentua-se, portanto a premissa que a circularidade de proprietários determina a baixa produtividade ou o encarecimento para o escoamento, pois geralmente essas propriedades permaneciam em família por gerações. Outros fatores como a concorrência desleal de engenhos que utilizavam o rio como caminho de transporte para esses locais de comercialização do açúcar ou a utilização de cambiteiras, como eram chamadas as linhas férreas próprias que se ligavam a estrada de ferro principal, colocavam propriedades que utilizavam o lombo do burro para esse fim em colapso. O Engenho Patos, no alto curso do Siriji é um exemplo desse processo. Remanescente do século XIX o Patos era um engenho que utilizava a força da água para mover sua moenda, figurava entre os engenhos mais importantes de Bom Jardim no século XIX. Aquela cidade inclusive orgulhava-se pela mancha de terra que possuia: o vale do rio Siriji. . No cenário político o engenho pertencera a Manoel Gomes de Moura Coutinho que compôs a junta oara companhia de guerrilha na Vila de Cimbres em decorrência dos ocorridos da confederação do equador. Estes apontamentos coloca esta propriedade no enredo histórico das revoluções de Pernambuco. Patos pertenceu também aos Correia de Oliveira, quando Joaquim Francisco Correia de Oliveira era proprietário, possivelmente adquirira Gomes de Moura Coutinho. Após a morte deste, sua esposa Francisca Maria Correia Cavalcanti controlou a produção, mas não conseguindo mais manter a propriedade tendo ela vendido o Patos ao Sr. Miguel Ramos de Andrade Lima, importante comerciante que já tinha um grande patrimônio – Miguel Ramos era proprietário inclusive do Engenho Água Doce, atualmente em atividade com a produção de cachaça. Lourenço Tavares anota no seu texto que Patos fora vendido por uma quantia alta de 90 Contos de Réis. A década de 20 apresentou para esse engenho o explendor devido a instalação de um dínamo que produzia energia elétrica.

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Local de onde a água do Siriji é desviado para o Engenho Patos. Esta construção serviu de inspiração para o Engenho Liberdade. Foto: G. Barbosa, 2012.

Paulo Ramos de Andrade Lima, neto de Miguel depôs ao Edmir Régis para o livro “Lembranças sem data: nos tempos do Siriji” que a partir da força de água que fazia girar a roda d’água (obviamente após a completa modernização do Engenho) produzia também energia elétrica. Segundo o entrevistado a qualidade da luz produzida a partir da força hidráulica era semelhante a de Recife. Outra propriedade também produziu energia, o Engenho Liberdade que provém da família Gayão e desviava água do riacho Coitadinha para promover a façanha, em Liberdade isto se dará nos anos 30. Patos foi, para os comerciantes, os almocreves uma espécie de ponto de parada. A senzala ficava oposta a casa, segundo alguns antigos moradores a senzala caiu ainda quando eram jovens outros nem sequer chegaram a ver, mas aqueles que testemunharam a existência desse alojamento  lembram que ficavam no lugar “corujas”. Devido as relações de trabalho que os moradores tinham, ligados a um sistema de apadrinhamento suigeneris da época Patos era uma verdadeira cidade. Haviam muitas atividades festivas em devoção a Nossa Senhora dos Remédios e também festividades profanas nos terreiros de moradores bem como no terreiro tambem do proprietário. No século XX a pujança do engenho ficou a cargo de José Nilo de Andrade Lima e sua esposa Laura de Andrade Lima, ambos primos da importante família Andrade Lima de Nazaré da Mata. José Nilo ainda comprou outro engenho em 1935 que ficou sob a tutela do seu filho Nivaldo de Andrade Lima, o Engenho Estivas, logo acima. Com Patos e Estivas e Mumbuca o José Nilo gozava de boa produção e uma enorme influência no povoado que tinha como seu curral político. Conforme Lourenço destaca, “entre as duas propriedades havia telefone” isto nos idos da década de 1940. O propósito desse meio de comunicação era ter o total controle do pai sob a propriedade do filho para que ambos prosperassem, mesmo assim para consolidar as atividades o Major José Nilo, como é conhecido em todo o Vale, ia de carro à Estivas. Em 1942 Estivas passou definitivamente para Nivaldo de Andrade Lima. Patos ostentava no áureo período, década de 20, a produção de 4.500 pães de açúcar. Ali também se produziu Café e algodão. Após a morte dos proprietários, Dona Laura e Sr. José Nilo a propriedade passou para a administração de Severino Ademar de Andrade Lima um dos seus filhos. Sob o comando de Severino Ademar o Engenho passou a produzir Banana e intensificou uma atividade que já era bastante praticada na família, a pecuária. José Nilo mantinha a propriedade Mumbuca na Paraíba justamente porque naquele estado as chuvas são menores e isso assegurava o bem estar dos animais bem como alimentação garantida, no Siriji em período de chuva a produção de alimento que mantivesse o rebanho bem alimentado era escasso. O Engenho Patos está na família Andrade Lima há quase um século, por ele perfila hoje comerciantes e moradores da Vila Siriji que utiliza a água encachoeirada do Siriji para o lazer. Pela estrada de Patos também é que se dá o acesso a Natuba na Paraíba mas também o acesso ao Condado e a Serra Grande.

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Vista Parcial das casas de moradores, capela do Engenho Patos com indicativo á direita a moita e apontando um pedaço da casa-grande. Foto de G. Barbosa, 2015.


FONTE:

ANDRADE LIMA, Paulo Ramos de. Nazaré, sua história, sua gente. 1997.
CAMPOS, Zóia Vilar. Doce Amargo: Produtores de açúcar no processo de Mudança (1874 – 1941). São Paulo: Annablume, 2001.
COSTA, F. A. Pereira da. Anais Pernambucanos, vol. 9. Recife – FUNDARPE, 1987.
MELO FILHO, Lourenço Tavares de. O vale do siriji. Recife, CEPE, 1984.
REGIS, Edmir. Lembranças sem data: nos tempos do Siriji. CEPE, 2004.

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